sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Devoção

Meu quarto frio e úmido detém adormecido meu amor devoto ao desconhecido, ao nunca acontecido, ao passar dos anos. Memórias de um tempo vivido em pensamento, saboreado com prazer nos sonhos mais detalhados de uma mente humana possessiva. Ilusões que encontram argumentos num vazio inóspito.
Ora, essa é minha oração de devoto ao místico pensar da teoria do caos, que nada tem de física. Trata-se de fé. De vazios não preenchidos, de anos de adoração a um deus inventado e revestido de amor platônico, cultuado apenas pela lembrança de uma realidade imaginária.
Tenham misericórdia de nós!
Das cabeças que ainda repousam na segurança da memória, encostam no travesseiro e divagam, cometendo suicídio aos poucos, recriando um espaço habitado por ninguém real, apenas possibilidades.
E que a falta do toque das mãos e o carinho nos cabelos não nos seja motivo de condensação de sentimentos reais, que não nos adormeça a sensibilidade da pele e não vire motivo de homicídio ou suicídio por abandono.
Nos tire desse mundo invisível de apenas viver para sonhar. E nos perdoe por desperdiçar talento e tempo insistindo em realidades alternativas.
Amor devoto ao desconhecido que nem ao menos sabe que existe ou que sustenta a existência de outro ser vivo. Não é justo que vivamos assim.
Acordem! Amigos, colegas, irmãos! Acordem!
Nos faça sentir o frio e o calor do mundo real, vivendo de verdade!

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