quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

Medo I

O prelúdio vem sido escrito há anos.
Previ a chegada ao precipício.
A brisa leve levantando os cabelos, era, na verdade,
Tormenta.
Foi quando a porta, que não foi aberta,
Estourou os tímpanos ao fechar violentamente.
Nessa hora, eu previ.
Ah, o amor que não vingou,
Aquele amor da janela do apartamento
Cuja vista era de um cenário de curta-metragem,
Nessa hora, eu previ.
Quando eu já não soube mais cantar.
Quando eu já não soube mais escrever.
Nessa hora, já estava no pescoço de areia movediça.
Não precisava mais prever.
O inevitável encontro final com o medo.
Vou falar sobre ele.
Sorrateiro, vingativo, impetuoso,
Prevalecendo-se da minha alegria.
Escondendo-se na bochecha com a risada mais bem paga.
Felicidade diluída no fundo do copo.
Não sabia que suas calmarias eram tentáculos
Impedindo a água de passar.
Quando a barreira deveria ter sido exposta
Pra deixar a água jorrar.
O medo veio com a água que não jorrou.
Com a água que é vida.
E que não proliferou.
Se eu pudesse dizer uma coisa
Eu diria:

Socorro.