segunda-feira, 20 de maio de 2013

O poema que Ella me contou [4]


Sabe,
Dor que me modela.
Encanta-me visualizada no espelho.
Refletida em tudo que brilha.
Dor.
Crescimento zero. Pausa no tempo.
START.

Egoísta que sou para tomar seu tempo e ficar te enviando estas cartas com minhas histórias que não te acrescentam nada e que não promovem uma reflexão crítica sobre o mundo nem nos fará heróis salvadores da pátria...
Mas você ficou parado naquele banco de praça e me ouviu pela primeira vez. Como um médico numa cirurgia, você retirou o câncer de mim e me fez falar. Fez eu abrir meu peito para o mundo, minhas vísceras rolando na grama e eu desatando a falar e chorar e a tremer e não querer mais nada... Até que eu sufocasse com alguma vírgula e pedisse água e continuasse chorando porque não supero, porque não cresço, porque tenho medo, porque sou sozinha porque quero... E eu já não sei mais de nada.
Sou um poliedro e em cada uma de minhas faces está estampada a história que tive com um deles.
Sabe o que eu quero?
Eu quero um Elle totalmente novo. Virgem, jovem, inocente e que não tenha vivido nada, que não tenha passado que ameace irromper sem aviso de algum baú no fundo do guarda-roupa. Quero um Elle que ainda acredite, que ainda possa se sufocar com o coração acelerado ao dobrar a esquina e me ver. Que aprenda na teoria, sem precisar sofrer com a prática e que possa, genuinamente, preencher os vazios de minha alma.

Eu ainda tenho mais coisa pra contar.
Espero que tenha paciência.
Mas, agora não dá.
Elle está chegando...