terça-feira, 25 de agosto de 2015

Miudezas

Difícil a mudança.
Caixas inundadas de miudezas, gigantescas vaidades, belas memórias e desejos incompletos em formas de cartas, selos e fotos.
O apego material que sustenta o desejo de não se despedaçar diante do novo.
Hoje eu empacotei um sonho e um desejo.
Talvez um dos dois se perca nas plataformas.
Talvez cheguem ambos comigo no destino final.
Talvez eu não os veja mais. Sou distraído.
Quando eu pisar diante de ti novamente, não seremos o "nós" pelo qual eu ansiava.
Haverá uma cachoeira inteira nos separando.
Mesmo que as miudezas ainda estejam em casa significando alguma coisa que você nunca entendeu e pra mim não fará mais sentido.

Um adendo.
Uma vez eu ganhei de presente um eclipse que me fez desaparecer.
Tenho sumido desde então.
Guardei esse presente perecível dentro de uma caixa e levei comigo.
Um presente que poderia ter sido belo, mas nunca o usei. Nunca pude usá-lo. Nunca tive teu sol para eclipsá-lo.
Vou na penumbra com ele de volta pra casa.

Pois, perceba que eu nada disse de grande impacto.
Não fui de deixar um eco de choro no caminho cheio de escadas.
Somente sorri e acenei de longe, pois, para mim, não há segredo guardado.
Você sabe de tudo.

Aquelas três palavras que eu muito disse (em voz baixa), mas não disse suficiente...
Elas e as miudezas...
Me acompanharão essa noite.