segunda-feira, 1 de agosto de 2016

Brevemente

Eu te vi brevemente dias atrás.

Vi você e desejei beber um copo de uísque. Depois outro. Depois mais um.
Vi você e desejei não ter corrompido minhas memórias.
Desejei não ter sobrevivido.

Eu vi você e lembrei de seus nomes.
Aline. Cristina. Luan. João. Eric. Mariana.
E tantos outros nomes que já não me recordo mais.

Ainda bem que eu já não tinha mais nada pra dizer.
Bom,
Eu até tinha, mas nada pronto no momento.

Porque eu me sinto vivendo num elevador.
Porque eu sinto que morri.
Sinto que não estou mais aqui.


Sinto que estou bem ao mesmo tempo dentro do elevador.
Depois de todos esses anos que eu deixei você/vocês irem embora.
Onde estão? Que fazem?


Eu vejo um breve lampejo de brevidades que me fazem indagar

Qual a hora certa pra um novo amor?
Existe tempo certo pra ser pra sempre?

Eu perdi amores como quem perde dentes. Reluta, mas perde.
Eu ganhei breves momentos de afeição carnal e breves momentos intensos de pertencimento, mas que me deixaram ao lado do mesmo sombrio cadáver.

Eu sou perfeito em todos os sentidos quando ouço as músicas que tocam no elevador.
E brevemente suavizo o áudio pra poder cantar junto.
Brevemente bebo um copo de uísque.
Tenho medo das cordas se romperem e, se isso acontecer, juro que não farei mais nada que possa magoar meus cabelos negros.

Por favor, me ligue por um breve instante.
As gestalts zombam sem chaves ou fechaduras.

Brevemente me entrego novamente.