domingo, 16 de dezembro de 2012

Soneto do Derradeiro Prazer


Espalhar-me-ei no teu perdido vento
Que de sorriso tímido soa minguante
Deus, como me pesa o avarento
Por almejar deixa-lo vagando distante

Fia a lã do meu velho sentimento
Como se fosse altar do meu eu variante
Espio tua nudez comendo teu testamento
Pois sou louco por ti, e anseio ser teu amante.

Depois de espalhado, espero que seja claridade
Fim daquilo tudo que permanece ruim
Ora, se um dia alcançar aquilo que ampara a humanidade

Que não seja morto em vão ou por mim
E viva a vida! voluptuosa na fraternidade
E nasçam vocês num deleite divino e fim.

sábado, 15 de dezembro de 2012

Felicidade itinerante


Não existe essa coisa de uniforme.
Nada é uniforme
Nem mesmo nosso uniforme
Nada de contornos bem definidos
Como a visão de um míope, o mundo é turvo, dúbio.
Sentimentos híbridos, loucura e sanidade e, na sua intersecção, a humanidade.
Não há reparo para a alma mutilada
Vamos todos para o inferno, seremos felizes na viagem de ida.
Seremos felizes indo para qualquer lugar
Muito mais do que depois que chegarmos.
Pois não há objeto chamado felicidade
Há desejo
Nada definido. Embaçado. Uma curiosidade do homem.
Ando tão sem grana
Mas ando tão feliz.
Porque eu sou feliz andando.
Por imaginar que amanhã, no fim do mundo, eu me libertarei.
Set me free de você.
Sou feliz imaginando.
Sou depressivamente feliz, com pena de tudo, com impaciência social.
Sou feliz de fora pra dentro.
Eu não consigo ser só triste.
Nem só amante.
Nem só bandido.
Tenho que ser bom, namorado, feliz, desejado.
Não posso viver pra sempre de uniforme.
Para que todos me vejam, preciso viver nu.