domingo, 22 de novembro de 2020

Caber

Disse:
— Não caibo mais.
Respondi:
— Não cabemos.
Não coube a mim chegar a uma conclusão.
Caberia, sim, se me fosse
Cabível de dizer que não sonhei.
— Fomos formas e fôrmas que já não cabem em si.
— Cabemo-nos?
— Quer tentar?

Tentamos em vão caber.
Forçamos tanta força que rompemos e não coube.
— Não sou forte: não caibo em mim. — Disse.
— E eu que não caibo no mundo? Que cabes a você dizer?
Caberá algo forçado que nos marque no fim?

Cabem 60 segundos num minuto e me forço a pensar.
Não há cabimento nisso que vou dizer.
Descabidos fomos e forçamos a querer
Espaço e distância para nos reaver
Couberam centenas de milhares de segundos
Nessa distância sem cabimento.
Caberá novamente eu em você?
Eu acho que sim.

terça-feira, 10 de novembro de 2020

O amor que foi

 soa poema como uma canção.
Perdi-me nos imbróglios meus
e não dei conta de me bancar.
A falta do amor que foi é presença
riscada na tinta da parede
no sol que brilha na lente
e faz ver tudo de repente opaco
o meu mais corajoso soneto
não dá conta de dizer do meu fracasso
porque ou estava longe demais
ou estava cego demais.
Qual castigo para fazer-se feliz?
Olhar para trás e se perdoar.
É uma dor que não machuca
é um sangrar que não convém
Não há males que vem pro bem.
Você faz deles o que bem entender.
O amor que foi é um parceiro de vida,
está em cada centímetro da memória
Mas não te fere para matar.
Só está em você agora.

Obstáculos

Na dianteira, a paixão de abre-alas avassala.
Como uma força da natureza, te impele.
Corrompe cada partícula do seu controle.
E te prostra diante do objeto.

O que você faz
se o objeto se apresenta destoante,
Cheio de obstáculos no caminho?
Se ao menos não entrasse no meio
Esse meu corpo e a maneira 
com a qual ao mundo me apresento...

Mas desejo é avalanche
terremoto maremoto erupção

e ciclone 
evento cataclísmico 
Os obstáculos são fichas
porque amor também é jogo.
Você pode arriscar e perder tudo na tempestade.
Ou pode ter tudo que sempre quis.