segunda-feira, 23 de julho de 2012

Braços

Ela era daquelas típicas meninas. Bela, gentil e sozinha.
Ela era sozinha com seu sentimento, saber aquilo tudo que ela faria por um par de braços para abraçá-la.
Mas às vezes o mundo simplesmente não gira.


A insatisfação é um sentimento macabro. Vive do lado da gente como um fantasma, um ente querido e morto que não se desapega.


Ela cresceu com aquele tesão pelo abismo. Porque se jogar era sua curiosidade diária, o combustível que a movia. Viver mais um dia para saber como seria o abismo um passo a frente. Porque tudo que é vivo morre. Ela morreria nos braços de alguém que a teria amado mais que a própria existência.


"Não há braços ao redor, exceto os meus próprios".
Ela só pode se segurar em si mesmo quando a vertigem a atinge. Não há braços mais fortes do que os seus.


Ela faz flexões.
Assim como todos eles.


Ela sente uma atração sem precedentes por um novo par de abrigos.
Não há lugar salvo o suficiente para suportar a tormenta do fim do mundo
Não há lugar protegido o suficiente para ser sua morada.


Não há sorriso, não há par de braços, não há carros, não há cores, não há amores...


"O amor vive em mim".
E viveu até o dia em que ela morreu.
O amor indestrutível de uma pessoa que se amou mais do que qualquer outra coisa no mundo e viveu por si apenas. Porque ninguém lhe era suficiente.
Uma história do silêncio levado às últimas consequências.

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