terça-feira, 8 de outubro de 2019

Resplandecente

Da noite pro dia, virei testemunha
tenho medo real de ter que depor,
afinal de contas, vi algo incrível,
tenho medo até de te entregar
Vi você de um jeito que temo em dizer
Fico feliz em saber que nada sofri
Foi de repente, nem sei como escapei
das garras retráteis e firmes daquilo que estava li.
Te vi perder a linha, cada segundo mais
Louco, desvairado, esperando na esquina
O garoto que sonha acordado empurrou pra longe
O homem que pensa em demasia e fez-se de luz
Quem diria que haveria então,
tão doce e rico som que esperava cansado,
veio jorrando do fundo do âmago,
do recôncavo mais escondido no todo,
veio carregado de liberdade e de sonho
que quase achei que fosse um escândalo.
As travas que ora te puxam,
seguram, escurecem teus olhos,
irritam sua voz, perturbam seu sono,
as travas se assustaram e pegaram seu rumo
por minutos poucos para que viesse à tona
riso, maratona, alguém louco em si.
Te vi gargalhar e foi melhor do que quis.
Te vi ser feliz e quis ser também.
Riu de mim, pra mim e comigo
Vestiu-se de mim, amigo e amante
Querendo espreitar o que mais pudesse rasgar
Na seda tão falha do meu estender
as mãos calejadas pra te aguardar.
Vem, meu amigo, amado, amante
Nem sou contigo para então ser seresta
Mas posso ser teu riso contínuo e mesa tão certa
Você devia sorrir com frequência
gargalhar todo dia enche a sala de luz.
Você resplandece num dia comum, 
transforma a sala, o chão, paredes e mais
Abre caminhos teus, enche os olhos meus
deixa pra trás o que não era pra ter sido jamais.

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