domingo, 21 de julho de 2013

Nada a ver essa perdição toda

Perdimento.
Que me faço pequeno e diminuto dentro deste casulo que não permite nem a passagem do ar, proíbe a circulação da vida, a aprisiona, fazendo tudo se comprimir numa vida encaminhada para dentro.
Que sonho é esse que, de repente, abre um rombo dolorido nas paredes finas e resistentes desse asilo? Escoam as frases feitas, inúmeras ofensas, sentenças cruéis que servem de subterfúgio para meus pesares e abrem espaço para a luz... Como não poderia ter medo?
Como poderia deixar de temer a luz? A possibilidade de mudança... De melhora? Quando tudo que é mais confortável permanece inerte no escuro...
Que sorriso é esse, meu Deus?
Uma baforada de ar no meu rosto e um caminho todo pela frente. Eu me abraço te abraçando. Quero te beijar para beijar a mim mesmo, que não me encontro há tanto tempo... Quero ser de ti, para ti, para que, então, eu seja meu e possa sobreviver da condenação que me imponho com dentes à mostra.
Eu sou de tudo um pouco, menos caminho. Menos resposta. Nada que comece de novo. Apenas visualizo meias possibilidades através do alto do meu mirante. Acompanho a luz que guia os piratas de volta para casa, mas não vou com eles. Não tenho tesouro. Nunca vi tesouro escondido que valha à pena.
Os maiores tesouros estão à mostra.
Eu estou escondido. Com tubos umbilicais me nutrindo de poucos prazeres. Nutrindo com vícios. Carinho. Miserável carinho vicioso. Se me parissem... Um natimorto.
Mas aquele rombo que tu abriste na fina película que me isola do cosmo é como um sopro de vida lispectoriano que me cria novamente enquanto vou te tocando os cabelos, amarrando um abraço apertado que, na realidade, é o meu encontro comigo mesmo.
Você é uma promessa muda. A sugestão da mais remota possibilidade.
É a salvação.

Just say the word.

Um comentário: