O prelúdio vem sido escrito há
anos.
Previ a chegada ao precipício.
A brisa leve levantando os
cabelos, era, na verdade,
Tormenta.
Foi quando a porta, que não
foi aberta,
Estourou os tímpanos ao fechar
violentamente.
Nessa hora, eu previ.
Ah, o amor que não vingou,
Aquele amor da janela do
apartamento
Cuja vista era de um cenário
de curta-metragem,
Nessa hora, eu previ.
Quando eu já não soube mais
cantar.
Quando eu já não soube mais
escrever.
Nessa hora, já estava no
pescoço de areia movediça.
Não precisava mais prever.
O inevitável encontro final
com o medo.
Vou falar sobre ele.
Sorrateiro, vingativo,
impetuoso,
Prevalecendo-se da minha
alegria.
Escondendo-se na bochecha com
a risada mais bem paga.
Felicidade diluída no fundo do
copo.
Não sabia que suas calmarias
eram tentáculos
Impedindo a água de passar.
Quando a barreira deveria ter
sido exposta
Pra deixar a água jorrar.
O medo veio com a água que não
jorrou.
Com a água que é vida.
E que não proliferou.
Se eu pudesse dizer uma coisa
Eu diria:
Socorro.
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