sexta-feira, 27 de dezembro de 2024

Aos que (se) perderam

Como alguém que tenta segurar a água com as mãos;
O trabalhador que no último minuto
perde sua condução;
Pelo embaraço de marcar um número a menos
e não faturar o milhão;
A desenganada pitada de sal que estragou o prato,
dois gramas que definiram o desfecho da refeição;
Tal como quando, na pausa da orquestra, o sopro do trompete
quebra o silêncio e arruína a canção;
Feito o pênalti, perdido na fração de segundo
em que a concentração voou com o barulho
da arquibancada que apostava o próprio coração;
Tão ruim como estar no lugar e hora errados
É estar no lugar certo e optar ceder aos pesadelos;
Tipo saber a resposta da equação e marcar a alternativa errada,
por falta de confiar;
E ao ouvir as batidas na porta, o se acovardar
e não receber o amor que se apresenta como possível
e tudo de fantasia e real que poderia ser;
Assim dedico esse drinque cheio de incerteza
aos que se perderam por um fio,
aos que perderam muito por pouco,
aos que deixaram para depois
e para uma próxima a chance de acertar
e abandonaram tudo que teria sido dessa vez.

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