quarta-feira, 6 de novembro de 2024

Pedestal

Essa minha pele veste tão bem
os afetos vaidosos de meu amor
Alto e elevado, leve, doce e sublimado
Quem é o rei e que roupa ele veste?
Sentado em seu trono, erguendo seu cetro
Bobo da corte sem derme e sem rosto
faz graça e lambe seu chão
e por onde passa é lá que ele se faz monarca
Dono de tudo e de todos que se adiantaram.
Essa minha pele gasta não veste mais meu rei
meu sol, meu sul, minha estrela azul
Descarta o robe que carrega minha carne
E o esquece sob o sol e que tudo se lasque!
O trabalho já está feito.
Meu rei jamais desceria de seu pedestal.

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