Sabe,
Dor que me modela.
Encanta-me visualizada no espelho.
Refletida em tudo que brilha.
Dor.
Crescimento zero. Pausa no tempo.
START.
Egoísta que sou para tomar seu tempo e
ficar te enviando estas cartas com minhas histórias que não te acrescentam nada
e que não promovem uma reflexão crítica sobre o mundo nem nos fará heróis
salvadores da pátria...
Mas você ficou parado naquele banco de
praça e me ouviu pela primeira vez. Como um médico numa cirurgia, você retirou
o câncer de mim e me fez falar. Fez eu abrir meu peito para o mundo, minhas
vísceras rolando na grama e eu desatando a falar e chorar e a tremer e não
querer mais nada... Até que eu sufocasse com alguma vírgula e pedisse água e
continuasse chorando porque não supero, porque não cresço, porque tenho medo,
porque sou sozinha porque quero... E eu já não sei mais de nada.
Sou um poliedro e em cada uma de minhas
faces está estampada a história que tive com um deles.
Sabe o que eu quero?
Eu quero um Elle totalmente novo.
Virgem, jovem, inocente e que não tenha vivido nada, que não tenha passado que
ameace irromper sem aviso de algum baú no fundo do guarda-roupa. Quero um Elle
que ainda acredite, que ainda possa se sufocar com o coração acelerado ao
dobrar a esquina e me ver. Que aprenda na teoria, sem precisar sofrer com a
prática e que possa, genuinamente, preencher os vazios de minha alma.
Eu ainda tenho mais coisa pra contar.
Espero que tenha paciência.
Mas, agora não dá.
Elle está chegando...