Dos desejos mais sombrios do homem...
Daqui eu falo.
Fale-me da violência dos atos. Respondo-te com a violência das palavras.
Incontrolável desejo psicopata suicida homicida divagante sujo apaziguador de coração
mente insaciável de vingança
vingança masturbável de cansar o braço
o segredo está na não-importância das coisas.
Assim, sobrevive-se com mais qualidade de vida.
Longevidade.
Quem não se importa vive mais e melhor.
quarta-feira, 4 de abril de 2012
E se eu pudesse entrar na sua vida...
Dias
depois...
Meses
depois...
Anos
atrás...
Um último
raio de sol visto no milênio passado. E eu nem sei mais por quanto tempo tenho
andado sem rumo. Um objetivo confuso, vendo no horizonte apenas a silhueta de
um futuro insatisfatório. Um mesmo sol brilhando na mesma janela ornamentada de
flores mortas.
O mundo,
enquadrado pelas plantas falecidas, entra pela minha janela há décadas.
As flores
foram plantadas com tanto amor, cultivadas, nos seus poucos centímetros
quadrados, com zelo para crescerem e abrigarem meu coração inquieto. Mas meu
desejo vem de um lugar onde as medidas fogem dos padrões, ultrapassam limites
quânticos e existem na plenitude e eternidade. Não consigo me conter em mim
mesmo.
Talvez por
isso, tudo que tenho se torna pouco.
E existe
ainda a excitação das medidas exageradas. Como quando sentimos tesão pelas
maiores altitudes e nos sentimos tentados a pular, mas o medo não nos deixa.
Talvez por
isso, o pouco que tenho se torna suficiente.
O mundo,
visto através dos meus olhos de hoje, se traduz como fotografias iguais, as
mesmas poses e paisagens todos os dias.
Sabe, eu
nem me daria conta, nem mesmo me incomodaria, se não fosse pelo seu repentino brilho
de sol, novo e transbordante de vida, vindo de tão longe e me fazendo pensar
que, talvez, sempre esteve por perto.
Enquanto
alguma música depressiva toca como trilha sonora da minha vida editada, penso
em como seria entrar na sua vida.
Eu faria
todo um reboliço. Arrancaria do meu jeito esse teu sorriso inundado de sol de
todos os dias. Presente divino, humano e vivo. Completaria da minha forma seus
minutos, de forma com que eu me tornasse inesquecível e lhe apresentasse novas
possibilidades de enriquecer o coração com prazer. Até arrisco dizer que
seríamos poetas da improbabilidade, das variáveis engraçadas cujas respostas
sempre estiveram na nossa cara, mas que, por algum motivo, permaneceram
invisíveis por muito tempo.
Descobriríamos
juntos tudo que se pode descobrir sobre o ser humano. E desvendaríamos a
fórmula da juventude, que, ao contrário do que muitos pensam, ataca o sistema
maléfico do corpo humano que nos envelhece por dentro, na alma. Dois velhinhos,
duas crianças. A mesma coisa.
Com algum
tempo, entenderíamos até o segredo da vida. Mas, é claro, como tudo que tenho
descoberto recentemente, guardaríamos do mundo todas as respostas. E a fortuna
se prolongaria no espaço, domaria o tempo, a vida infinitamente indo da carne
ao pó – e vice-versa – com nossa essência para que, em todas as épocas,
escrevessem os poetas e músicos sobre nossa estória.
Se eu
pudesse entrar na sua vida, eu voltaria a plantar, mas não mais plantaria flores.
Plantaria músicas. Longas sinfonias de metal pesado. Alguma balada morna e
doce, rasgada, daquelas que transpassam a alma e explodem em algum lugar do
nosso corpo errante. Coisas inexplicáveis.
Algo nos
faria falar em línguas inexistentes. Uma forma de comunicação só nossa, que
poderíamos usar em público e rir por ninguém estar entendendo.
Se eu
conseguisse cruzar essa fronteira estúpida, ao menos por um minuto, eu poderia
mostrar tanta coisa, tanta coisa... Mais do que minhas palavras, escritas ou faladas,
poderiam descrever.
Mas... Me
diz uma coisa.
Você está
me entendendo?
Claro que
muita coisa você sabe. Inclusive, deve saber melhor do que eu, um azarado
assassino passivo-negligente das flores. Vejo tantos conceitos filosóficos
abstratos que você desenha no seu diário todos os dias... Sei que bem sabes.
Ora, se
algum dia eu, porventura, entrasse na sua vida...
Raio de
sol.
Faria de
tudo pra lhe mostrar a felicidade.
Ao meu
lado.
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